Muitos pesquisadores afirmam que um cafezinho diário, em quantidade moderada, está liberado durante a gestação. Outros apontam resultados completamente diferentes. É o caso da doutoranda em Biologia Celular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Thaís de Mérici. De acordo com ela, mesmo em pequenas doses, a cafeína pode ultrapassar a placenta e causar efeitos danosos ao desenvolvimento ovariano, fetal e placentário.
Em entrevista ao site da UFMG, Thaís contou que o trabalho partiu do pressuposto que até a quantidade máxima diária de cafeína — 100mg a 300mg — recomendada por especialistas, seja contraindicada para gestantes.
“Esse trabalho surgiu de um sério problema que temos hoje na nutrição que é o excesso de cafeínas em alimentos comuns de serem consumidos por gestantes no dia a dia, como café, chás, chocolate e refrigerantes”, explicou a doutoranda. Segundo ela, a cafeína atravessa livremente a placenta e chega até o bebê, causando danos ao seu desenvolvimento.
Thaís comparou os efeitos da cafeína em camundongos prenhes. Os animais foram divididos em 4 grupos com dietas diárias diferentes:
1- Zero cafeína
2- Cafeína em baixa quantidade (uma xícara e meia)
3- Cafeína em média quantidade (três xícaras)
4- Cafeína em alta quantidade (seis xícaras)
Os resultados mostraram que, além de causar uma menor taxa de gravidez, ser mais difícil a ovulação desses animais, a cafeína provocou também a formação de placentas mais leves e de fetos menores e com baixo peso. “E talvez a explicação disso seja a alteração microscópica que acontece na placenta. Então, como conclusão desse trabalho, a gente gostaria de indicar que a cafeína não deveria ser consumida durante a gestação nem nas pequenas doses indicadas. Mesmo nas pequenas doses ela é prejudicial ao feto”, afirmou a doutoranda.
O trabalho foi apresentado na 26ª edição da Semana do Conhecimento da UFMG, evento que contou com conferências, palestras, exposição de cerca de três mil trabalhos vinculados a atividades de ensino, pesquisa e extensão, além de uma série de espetáculos.
Segundo outros estudos, a cafeína também pode contrair os vasos sanguíneos e prejudicar a maneira que o feto recebe oxigênio e nutrientes. Em casos mais graves, provoca aborto instantâneo ou faz com que o bebê nasça abaixo do peso.
A cafeína é uma substância estimulante que aumenta o ritmo cardíaco e o metabolismo da mamãe. Se é muito fã de um cafezinho, uma boa dica é tomar a bebida descafeinada.
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